quinta-feira, 19 de janeiro de 2012


queima e queima tudo por dentro
mais de duzentos e noventa dias
em pequenas doses infernais no cotidiano
um feto a apodrecer no ventre de uma descendência 
meu rancor é minha mãe, meu avô, o pai do pai de quem já passou 
o filho que ainda não tive do meu amor que não vingou

sexta-feira, 29 de abril de 2011

ele só tinha cinquenta mil fios de cabelo na cabeça

El   s   tin    cinqu      m    fi    d   cab     n    cab
um   sobranc
um   orel
um   narin
metad   d   láb    super
metad   d   lábi   infer
meta   d   líng
dezess     dent
um   cord   voc
u   mam
u   pul
u   ri
um   mã   cin    ded
u   p   cinc   de
u   testí
u   joel
u   calcan
O menino part
ido ao meio

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Naquela quarta feira de vento, vinte e dois de setembro, ele pensava, pensava, pensava e pensava mais um pouco até não ter mais o que pensar pois ele queria acabar de vez com aqueles pensamentos que quando não são pensados logo, logo pesam no peito e não há coisa pior do que o peito cheio de pensamentos pesados, pensou ele. Enquanto tudo permanecia, os olhos de circunflexos do monstro da parede, a porta que engorda toda vez que o tempo esfria, o homem sentado no ali, ele resolveu não permanecer permanecido.
Ele pedalou, pedalou e pedalou até se perder no azul da noite. E dentre muitos desejos que pedalavam pelo seu corpo ele resolveu o desejo de barriga pois quando o desejo é de barriga é desejo urgente que nem desejo de coração se não resolvido sai comendo tudo por dentro. Foi então que ele percebeu que seu coração estava na barriga. Ele logo resolveu em resolver os desejos que precisam ser resolvidos logo. Então ele alimentou seu coraçãobarriga.
A chuva que chovia sempre quando precisa dar avisos molhados choveu e avisou que nada mudara até ali. 
Nem os olhos de circunflexos do monstro da parede, nem a porta que engorda toda vez que o tempo esfria, nem o homem sentado no ali, nem mesmo o peito cheio de pensamentos pesados, nem aquele coraçãobarriga, dentre todos os molhados ninguém sabia o que fazer.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

meu peito em tropeços


coração-espiral,
coração-impulso
coração confuso
que se desconfunde
e se funde
e se fode
e se fonte...
no ego da foda
na boca do ísmo
meu estômago come
coração digestivo.

sábado, 31 de julho de 2010

o trigésimo primeiro segundo PORRA

dormi quatro horas,
acordei as oito da manhã.
transamos bem gostoso.
não consegui mais dormir
e nem comer.
bebi café.
fui ao centro
e rodei nas ruas.
voltei, almocei.
nos fudemos.
- depois que gozei
meu corpo ficou atento.
vc e eu, saímos.
no onibus bateu um sono.
fui me preparar para apresentação.
corpo mole.
- é tão difícil entrar em cena com o corpo assim
fui fazer uns exercícios para despertar.
fomos nos concentrar, eles e eu
sentados no escuro de mãos dadas,
respirando profundamente
meu corpo amolecia
e me via sem nenhuma energia
para entrar em cena.
ai que foda!
tentava-falhava e tentava novamente
abstrair.
senti contra,irem as mãos que seguravam as minhas.
contrAção.
tive que ir contraKg que meu corpo precisava.
abdomen que queima.
parecia que ali estava o restinho da energia.
pulos.
8.8.8.8.
4.4.4.4.
2.2.2.2.
1.1.1.1.
UÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!!!
olhos expansão
boca rasgo
dedos esguicho
coluna coluna.
todos aqueles corpos prolongando 
luzes apagam
a cortina e os 3o segundos se abrem
respiro, impulsiono, salto, tenciono
tensão
porra! minha mente esvaziou in-justa-mente agora
o trigésimo primeiro segundo
só veio depois do 33ºs.
33ºs.
do depois
veio só
so-no
te encontro
eu e vc e ele
conversamos
comemos
encontramos
eles e vc e eu
beberam
conversaram
não encontraram
vc brinca com suas palavras sérias
que ñ querem ser levadas a sério
seria se ria.
serio se rio.
mas não rio
por ser sincero
por ser um saco
mas não de risadas
por estar cansado.
por estar apático.
falta algo pra apatia vir a ser antipatia
mas pra ela sempre falta.
existe empatia entre vcs.
pois pra vc sempre falta.
PORRA! gritei.
tão desnecessario, vc diz.
PORRA! saiu.
foi o caminhão na minha cabeça.
foi a minha sinceridade.
foi a minha necessidade.
a minha vontade de expressar o que sinto.
agora sim,
antes não.
antipatia.
pois pra ela sempre sobra.
PORRA! jorrou.
dei as costas.
dei as costas.
dei as costas pela terceira vez hoje.
PORRA! pensei.
so-no
só-nu
escrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escrevi
escrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escrevi
escrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escrevi
escrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.escreviescrevi.escrevi.atendi.
vc.
eu.
vc.vc.vc.
eu.eu,eu...
vceu
VC! .
EU! .
PORRA